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Wednesday, December 14, 2011

Carta para meu pai!


17 de junho de 2011.

Paizinho querido,

Ha tanto tempo que nao consigo escrever nada para voce! Sao tantas as memorias que tem sido dificil... pensar em Brasil e na saudade que vem me consumindo desde que voce partiu acabam por me deixar longe de qualquer oportunidade de tornar concretos meus pensamentos. E como se fosse parte da negacao da realidade de que nao estamos mais juntos e que essa separacao, ainda que temporaria, machuca bastante!
Penso muito no que voce diria se me visse agora – sao 27 meses sem suas broncas e conselhos, e creio que nao tenho me saido tao bem. Tenho usado muitos artificios como escape dessa realidade que me doi tanto... a distancia do nosso querido Brasil e uma delas. Venho tentando retomar a vida que tinhamos quando eu ainda estava em sua presenca, e essa mesma vida tem sido de certa forma mais vazia sem seus passos por perto. Tudo o que eu era – na verdade, pouco... os estudos em uma universidade conceituada, meu tao sonhado projeto de pesquisa, a procura por um bom emprego – tinham sentido quando voce estava por perto. Todas as minhas realizacoes encontravam raiz em voce. O que tem me mantido viva e a consciencia de que voce descansou e finalmente encontrou a paz que tanto almejava... apenas sinto que essa partida tenha sido tao repentina e que eu nao tenho visto voce realizando seus sonhos de uma aposentadoria tranquila, usufruindo de tudo o que construiu ao longo de 40 anos de trabalho e muita luta... uma partida sem o retorno a amada Polonia, com o resgate de suas respeitadas raizes.
Em sua honra, em sua memoria, apenas sei que tenho que vencer! Como peregrina em uma terra distante, tenho que concluir meus estudos, ser bem sucedida em uma carreira que teve sua fundacao e primeiros passos orquestrados por voce... tenho que ser a esposa, mae, voluntaria, batalhadora que voce sempre almejou que eu fosse. A diferenca toda esta em fazer tudo isso sem seus discursos imensos com os pros e contras de cada passo e do silencio de aprovacao a cada vitoria conquistada. Peco que Deus, nosso Pai, me de mais e mais forcas para prosseguir caminhando quando cada passo parece ganhar peso a medida que progrido de alguma forma. Paizinho... nao tem sido facil! Eita saudade doida, que aperta tanto e me consome!
Em seu nome, em sua honra, sonho rever nossa familia – pequenina, ainda tao desunida – reunida e torcendo pela felicidade um do outro, caminhando juntos e encorajando uns aos outros em nossos sonhos e conquistas! Ainda vivo para ver essa paz e para, quando encontrar voce, minha querida maezinha, nossa Grace e tantos outros queridos que nos precederam a encontrar nosso Deus, dizer que apesar dos pesares, tudo esta bem!
No alto dos meus 29 anos, ha dias que olho para tras e vejo tudo o passei nesses dois anos que tive que prosseguir sozinha nessa caminhada chamada vida... sinto-me gigante em alguns dias, e tao pequenina e fragil em outros! Engracado como damos mais valor as pessoas apenas quando elas ja se foram... sou grata por ter optado por estar em sua presenca quando tantas outras oportunidades de me fazer distante bateram a nossa porta! Nossos 15 ultimos anos de convivencia foram os mais dificeis e desafiadores de minha vida... mas tambem os mais gratificantes. Se ainda estou viva, se ainda prossigo caminhando... sou grata a Deus pelo pai gigante, lutador, sonhador, realizador, melhor amigo que Ele me deu! Pelos anos que viverei... carrego o legado de vida, dignidade, honestidade, transparencia, coerencia e forca que voce deixou. Nao ha palavras existentes para expressar minha gratidao pelo ser humano exemplar com quem dividi 29 anos de minha vida.
A vida insiste em perpetuar muitas das palavras que voce me disse durante nossa intensa convivencia. No final das contas, as licoes que tenho aprendido na Terra do Tio Sam ja me tinham sido ensinadas tantas e tantas vezes... por voce.

Amo voce para todo o sempre!

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